quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Jihad = Como ensinar a inovar aos jovens do Brasil, Parte 5 - Clemente

Courtnay
Mestre, não é qualquer um que me motiva a um debate assim não.Eu também
respeito muito o que vc diz,apenas discordo neste tema particular.
Modelos centrados no indivíduo são ok.Compartilho sua fé na capacidade
individual de fazer a diferença, mas não aceito o viés de pinçar um pequeno grupo de
pessoas empreendedoras de sucesso e fazer delas o modelo para a massa dos
indivíduos. O nome técnico disso é "viés do sobrevivente".Isso é um
engano.Escrevi muito sobre isso em meu último livro EMPRESAS DE SUCESSO
,PESSOAS INFELIZES.

Os bem sucedidos que nós vemos são os que sobraram de uma multidão de "não
tão bem sucedidos".Não dá para pegar nenhuma experiencia individual e fazer de modelo. "Faça assim porque
eu fiz assim e cheguei lá". Sorte/acaso/randomness,contam demais.
O comportamento da média é mais previsível que o do indivíduo.Há uma questão
estatística aqui.Os empreendedores de sucesso são poucos.Os empreendedores que realmente fazem a
diferença são pouquíssimos.Isso eh da natureza do empreendedorismo e tem a
ver com a transcedental noção de risco.É o fato de existirem indivíduos que aceitam
correr riscos maiores que a média que gera o motor da ação
empreendedora.Schumpeter e tal. Não sei se você nota: não tem sentido querer
fazer do empreendedorismo `la Jobs,Gates etc..o modelo a ser seguido pela
MAIORIA.Isso é um absurdo lógico,se aceitarmos a definição schumpeteriana de
empreendedor. A maioria dos jovens talentosos,com atitude,bem
praparados...nao será Bill Gates jamais,e ,se eles fossem inteligentes
mesmo,não colocariam para si próprios a missão de serem Bill Gates.Viver é
melhor que sonhar. Não estou falando de gente obtusa,
mal preparada, sem ambição.Estou falando dos competentes,dos corajosos,dos
que aceitam correr riscos.Eles não vão ser Bill Gates.A estatística
proibe. A média (dos bem preparados) é média. A esmagadora maioria dos
empreendedores americanos (a Meca do empreendedorismo) nao dá
certo.Fracassa.Tem que fracassar.Se a maioria desse certo,ela passaria a ser
a média. Agora,sua insistência no valor das opções individuais,a importância
da atitude, do desejo de fazer uma diferença,tudo isso está perfeito.
Perfeito desde que enquadrado pelo entendimento das coisas como elas
são.Desde que a gente entenda que o sucesso "épico" (Gates/Jobs) não
é o único sucesso possível.Que ele é para poucos e ,muito provavelmente, não
é para nós.Vc pode ser inovador/empreendedor em vários níveis "não épicos" e
ser muito realizado.

Por último:acreditar em si mesmo é condição necessária para o sucesso,mas
está longe de ser suficiente.
As condições necessárias e suficientes são: acreditar em si
mesmo(=atitude)+estar preparado (competência)+ ter sorte.

Como ter ou não sorte está fora da nossa gestão pessoal ,o que eu sugiro
aquele jovem é:tenha atitude,ou seja ,pare de sonhar e estude,estude,estude.
Talvez você dê certo,talvez não,mas isso é o que aumenta suas chances de ter
sucesso.
abs
Clemente
www.clementenobrega.com.br

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